A  História da Igreja de São Benedito

Fundação

Desde o final do século XVIII, um grupo de católicos ansiava por construir uma Capela em homenagem a São Benedito. Nessa intenção, enviou a São Luís uma petição, solicitando ao Bispado Maranhense a autorização para construí-la. Em 7 de junho de 1803, o Governador do Bispado, João de Bastos Oliveira, assinou a petição. Dada a autorização, os Caxienses logo fizeram o patrimônio da futura Igreja, consistindo em um quarto de léguas de terras de frente por meia légua de fundo. O termo de doação foi lavrado pelo escrivão Gonçalves Lopes de Matos e as terras foram doadas pelo fazendeiro Manoel da Silva Pinto, em 13 de agosto de 1803. A construção do Templo deve ter sido iniciada nesse mesmo ano e provavelmente foi concluída em 1815.

Por uma Lei Providencial do dia 08 de maio de 1835, foi criada a Freguesia de São Benedito, sendo esta desmembrada da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição e São José e designada de forma interina como Igreja Matriz de São Benedito. Enquanto um novo Templo deveria ser construído na Localidade Limpeza para este fim, o que não ocorreu e em 02 de julho de 1836 recebeu definitivamente esta dignidade de Matriz ficando assim delimitando os limites desta nova freguesia: “ com Santa Rita do Urubu, hoje Timbiras, principiava a linha de demarcação na barra do Riacho Gameleira, no Rio Itapecuru no rumo da Fazenda São Francisco, daí seguindo na direção do Rio Parnaíba, que lhe serve de divisa. Da barra da Gameleira, Itapecuru acima, até o Porto Grande, em Caxias. Segue desse ponto pela Rua do Cisco, que desemboca na estrada que seguia para o Estanhado, hoje cidade de União no Piauí, seguindo o Parnaíba acima onde finda, na conformação de quadrilátero de 14 léguas para cada lado.”

Entre os anos de 1838 a 1841, aconteceu aqui na cidade de Caxias, a Guerra da Balaiada, alterando a vida de todos os que aqui viviam, chegando inclusive a profanação de muitos dos templos existentes nesse conturbado período. No caso da igreja de São Benedito, ela foi poupada pelos balaios, pois nela estavam refugiadas algumas pessoas, incluindo até parentes de um dos líderes do bando dos revoltosos. Coube ao Padre Julião Soares os reparos da igreja, dez anos após a passagem dos balaios em Caxias.

Foi a irmandade do glorioso São Benedito, a responsável por conversar e manter o templo, muito embora a mesma só teve seu reconhecimento oficial através da lei provincial nº 373 de 26 de maio de 1855, além de construir o cemitério de São Benedito em 1860. As irmandades eram formadas com a função de oferecer apoio espiritual e social, além de serem responsáveis pela construção e manutenção das igrejas, propagarem os rituais católicos, convergindo suas práticas aos interesses dos grupos sociais, que viam nestas confrarias um meio para defender seus interesses grupais.

Fato digno de nota, é que foi no interior deste templo, que Dom Manoel Joaquim da Silveira, bispo do Maranhão, chamou Caxias de “Princesa do Sertão Maranhense” em 1858 e ainda onde o Pe. Luís Raimundo da Silva Brito, futuro bispo de Olinda e primeiro arcebispo de Olinda e Recife, exerceu seu sacerdócio de 1871 a 1877, reconstruindo essa igreja e fundando o jornal “A Cruz”.

Festividades

Muitos fatos aconteciam neste secular templo católico mas, o mais importante era quando se transformava em palco dos famosos “Festejos de São Benedito” no mês de agosto, que desde o século XIX movimenta a sociedade caxiense, seja pela devoção ao santo padroeiro da igreja, seja pelas atividades de caráter festivo desenvolvidas no entorno da mesma, como, a presença do parque de diversão e das barracas com comidas típicas, que possibilitavam a todos uma grande participação, união e momentos de grande congraçamento. Dom Felipe Conduru, na sua história eclesiástica, revela que Dom Marcos desejou enviar para a igreja de São Benedito um frade barbadinho, em 1840, “para consolar os ânimos amargurados com tão desastrosa calamidade”, referindo-se aos saques e roubos praticados nas igrejas caxienses, pelos façanhudos seguidores de Dom Cosme Bentivi.

É sempre viável lembrar, que em virtude das tropelias da balaiada as atividades da igreja, estiveram encerradas por um determinado período.

A Igreja de São Benedito é uma das construções mais antigas de Caxias, com a Igreja Nossa Senhora da Conceição e São José, igrejas Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora dos Remédios. A mesma realiza há muito tempo, momentos importantes no calendário litúrgico do centro da cidade, com celebrações e procissões que são realizadas há mais de um século, como a fugida do Senhor dos Passos e a procura de Nossa Senhora das Dores. Assim também, acontece com a festa do Sagrado Coração de Jesus, a novena de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, às terças-feiras, festejo de São José e São Francisco, onde sedia territorialmente a ordem franciscana secular. Oferecendo ainda uma programação com celebrações durante a semana santa, são celebrações que, com a participação dos fiéis e devotos de São Benedito, constroem uma história de fé. A Igreja de São Benedito, em seu espaço territorial, sempre acolheu casas religiosas, como: Irmãs de Caridade, Irmãs Josefinas e Irmãs Franciscanas Missionárias de Susa.

Arquitetura

De acordo com a lei providencial nº 13, de 08 de maio de 1835, foi criada a freguesia de São Benedito, e a capela foi elevada a matriz no ano seguinte. A partir de então, a nova igreja passou por transformações para se adaptar a um número de devotos que tinha muito aumentado. Durante a revolta da balaiada, as dependências da igreja serviram como abrigo durante o cervo dos revoltosos. Em 1858, já com recursos do governo provincial, a igreja ganhou mais uma torre, agora ao lado da epístola, além da construção do consistório. Em 1872, a igreja encontrava-se bastante deteriorada, recebendo urgentes reformas, entre elas, a construção de uma nova capela-mor, da sacristia e do consistório nas laterais. A nave foi ampliada, e a torre do lado da epístola foi concluída. A arquitetura se mantém até hoje.

A planta da igreja é regular, desenvolvendo-se em três níveis: pavimento térreo, pavimento superior e torres sineirais. Edificada em alvenaria, rebocada e pintada na cor goiaba, com moldura, frisos e pedra piracuruca. A cobertura é de telha barro. O interior completamente modificado, com inserção de elementos novos não condizentes ao estilo arquitetônico. O piso original, era de barro cozido, sendo trocado por piso cerâmico depois da metade do século XX. Entre o acervo móvel e integrado da igreja de São Benedito estão: Retábulos do século XIX (1875) e do inicio do século XX; seis lápides parietais do século XIX; três sinos de 1866, além de objetos litúrgicos. Entre as imagens estão: Duas esculturas de São Benedito, Bom Jesus dos Passos, Nossa Senhora das Dores, Nossa Senhora da Conceição, Santa Rita de Cássia, Nossa Senhora dos Anjos, Senhor Morto, todas do século XIX.

Atualmente a configuração territorial da Paróquia de São Benedito já não é mais aquela que fora delimitada nos seus primórdios, haja visto a criação de novas Paróquias e até mesmo cidades, mas ainda possui um grande número de comunidades na sede e, na zona rural, atendendo aos fiéis católicos com uma grande quantidade de pastorais, movimentos, grupos, associações, ministérios que ao longo do ano realizam importantes celebrações durante o calendário litúrgico.

Párocos

Diante da importância histórica da Igreja de São Benedito, percebemos como é salutar ao povo de Caxias conhecer a origem deste secular templo católico que se mantém com toda imponência, como testemunha da nossa história na procissão ininterrupta do tempo.

Aqui vamos relatar os padres que serviram esta paróquia com disposição e serviço:

1835 – Cônego Antonio Julião;

1863 – Pe. João Joaquim Guimarães;

1871 – Pe. Luis Raimundo da Silva Brito;

1877 – Pe. Domingos Conceição;

1882 – Pe. Manoel José de Oliveira;

1889 – Pe. Feliciano José Abreu;

1891 – Pe. Luis Gonzaga de Sousa;

1894 – Pe. José Everton Tavares;

1898 – Pe. Dorotheu Dias Freitas;

1901 – Pe. Raimundo Santiago;

1904 – Pe. Eugênio Derlandes;

1909 – Pe. Eirípedes Silva;

1913 – Pe. Leopoldo Gerosa;

1927 – Monsenhor Gilberto Barbosa (auxiliares: Pe. Dourado; Pe. Clóvis Vidigal; Pe. Frederico Chaves; Pe. Manoel Oliveira; Pe. Frederico Chaves; Pe. Manoel Oliveira; Pe. Jesus Moura Soares e Pe. José Mendes Filho);

1977 – Pe. Félix Valois dos Santos;

1979 – Pe. Otacílio Laurindo dos Santos;

1984 – Pe. Francisco Damasceno;

1991 – Pe. Francisco das Chagas Neto;

1996 – Pe. Eliezer Moreira Cesar;

2000 – Pe. Sebastião Pereira, sendo auxiliado sucessivamente pelos vigários; Pe. João Paulo; Pe. Luciano Matias; Pe. Luis Carlos e Pe. Raimundo Nonato (Pe. Beto);

2014 – Pe. Gildenor Dias;

E desde o ano de :

2016 – Monsenhor José Ribamar Cavalcante Lima, sendo auxiliado pelos vigários: Pe. Franciélio; Pe. França; Pe. Gilberto e atualmente pe. Reginaldo Bueno.

Localização

A igreja matriz de São Benedito, está localizada, na Praça Vesparsiano Ramos, antigo largo de São Benedito. A praça recebeu este nome, como homenagem ao poeta caxiense Vespasiano Ramos, que morou por muitos anos nas mediações da praça.

A praça passou por revitalizações, e em 2016 foi reinaugurada. A reforma incluiu reparos nas grades, novo piso, melhoria na iluminação, recuperação da base do cruzeiro que fica em frente a igreja de São Benedito.

Os paroquianos de São Benedito, acolhem com muita alegria, todos aqueles que vêm de perto ou de longe, irmãos de outras paroquias, que ao chegar o mês de agosto, anseiam por vir e participar do festejo em honra a este grande santo, acontecer.

Até os dias atuais, tudo é preparado com alegria e união e, durante o novenário para louvar e agradecer à Deus, pelo testemunho de São Benedito, missas são celebradas, e a parte social, continua a oferecer um espaço com barracas, leilão, além de atrações folclóricas e ministérios de músicas.

Saiba mais:

Capelas Paróquia de São Benedito

Cemitério de São Benedito